NÚCLEO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Tecnologias na Educação: Ensinando e Aprendendo com as TIC.
Jurema dos Santos Gomes
Macapá-AP, 30/04/2011
1 – Os desafios da linguagem do século XXI para a aprendizagem na escola.
Quais são os maiores desafios que professores e alunos enfrentam, envolvendo essa linguagem?
A escola está distante dos desafios do século XX. A escola tem que preparar a criança de hoje para enfrentar o futuro em vários sentidos, mas realmente isso está distante de acontecer, um dos pontos em que a mesma falha é quanto ao não preparo das crianças para um futuro no mercado de trabalho, falo de um trabalho imediato, pois nem todos nasceram com chances de serem mantidas em seus estudos universitários e outros, temos um mercado dinâmico, competidor, com oportunidade para o mais preparado, as mesmas terão como um dos principais requisitos neste mercado, o uso do computador, da internet; e o que a escola está fazendo com o uso da informática nas escolas? Várias já até tem os computadores, mas não os usam. As crianças que têm acesso à tecnologia, a internet se desenvolvem de uma maneira diferente, gostam menos ainda da escola por conta da internet, o que podemos observar diante desses fatos, é uma acomodação do Brasil quanto ao processo do ler, escrever, e contar. Muito interessante a colocação de Pedro Demo quando diz que: “Na escola, a criança escreve porque tem que copiar do quadro. Na internet, escreve porque quer interagir com o mundo”. Com certeza não devemos aderir a esta idéia de qualquer maneira, tão pouco ficar distante, pois essa tecnologia vai se implantar com ou sem a nossa intervenção. Essa tal famosa linguagem digital, falada comentada, já aderida por muitos e já há algum tempo em nosso meio, estam nos jogos eletrônicos, salas de bate papo, chats..., alguns, considerados até ambientes de boa aprendizagem por alguns educadores, alguns desses jogos vem com a possibilidade de se mudar as regras, criarem novas mascaras, compartilhamento de jogos em tempo real sem levar em conta o espaço ou distância, são idéias que surgem, desafios acontecendo, e é disso que as crianças gostam. Diante de tantas tecnologias, linguagens, Sons, imagens, vídeos, textos mutáveis em sua apresentação, animações, desafios; logo é preciso que um bom ambiente de aprendizagem tenha que ter tudo isso para que seja atrativo às crianças, pois diante deste contexto a escola se apresenta como um mundo estático e estranho para a criança.
É preciso mudar, pois já estamos no século XXI e a escola depende dessa mudança para acompanhar o ritmo dos alunos afim de que haja um crescimento educacional, até onde podemos ver a escola vem se apresentando estática, caminhando a passos muito lentos nesse sentido; ela deve acontecer primeiramente no professor, pois é através dele que entrará na escola, ele é a peça fundamental nesse crescimento, bem diz Pedro Demo “Ele é a tecnologia das tecnologias, e deve se portar como tal, ser professor não é dar aulas, não é instruir, é cuidar que o aluno aprenda”, o professor nessa nova visão, tem que entender que não existe uma única maneira de falar, existem várias, e ele tem que aprendê-las, ser professor não é só dar aulas, não é instruir, é cuidar que o aluno aprenda, e conhecer suas linguagens já é um grande avanço para que ocorra essas mudanças.
“A pedagogia precisa inventar um professor que já venha com uma cara diferente, não só para dar aulas e que seja tecnologicamente correto. Que mexa com as novas linguagens, que tenha blog, que participe desse mundo – isso é fundamental. Depois, quando ele está na escola, ele precisa ter um reforço constante para aprender. É preciso um curso grande, intensivo, especialização, voltar para a universidade, de maneira que o professor se reconstrua. Um dos desejos que nós temos é de que o professor produza material didático próprio, que ainda é desconhecido no Brasil. Ele tem que ter o material dele, porque a gente só pode dar aula daquilo que produz - essa é a regra lá fora. Quem não produz não pode dar aula, porque vai contar lorota”. Pedro Demo.
2 - Um pouco da história
É possível observar ao longo da história, que no inicio o computador era visto como uma máquina de ensinar, onde alguém o programava com uma série de informações e depois eram repassadas para os alunos, ou seja, se encaixava com os métodos tradicionais (instrucionistas), onde alguém detem o conhecimento e está à frente dos alunos pronto para repassá-los.
Com o passar do tempo foi possível observar um novo método, uma nova forma de apresentação desses conhecimentos, ora pelos professores, ora pelos alunos, mostrada através do que o aluno trás consigo, de seu cotidiano, de suas experiências, algumas sendo adquiridas através das novas tecnologias que vieram possibilitar essa interação, através de mídias, internet, revistas e outras fontes, claro isso só foi e é possível acontecer quando há uma abertura por parte de educadores que oportunizam o diálogo, onde o professor busca entender o mundo do aluno e identificar os conhecimentos que o aluno já trás consigo, dessa forma é possível utilizar uma didática mais dinâmica, onde o aluno tem um pouco mais de liberdade de se expressar, de questionar outras fontes, de questionar seus próprios conhecimentos, e através dessas interações, buscas e encontros, é que o aluno é capaz de construir novos conhecimentos.
3 - O Construcionismo e a pedagogia por projeto
A pedagogia por projeto se utilizando de ferramentas tecnológicas, como a informática, é uma forma dinâmica de promover conhecimento aos alunos, sendo que através desse meio, o professor fará o papel de um mediador, orientando, instigando-os a pesquisas, permitindo que o aluno aprenda fazendo, favorecendo seu aprendizado no que se refere a uma abordagem construcionista. Quando as informações partem do interesse do aluno, não importando os motivos que o levam a esse interesse, seja pelas próprias experiências ou não, importa o resultado final, ou seja, a conexão das informações obtidas com o objetivo de suas buscas; é uma forma de construir seus próprios conhecimentos.
4 – O projeto na escola
O uso das tecnologias e mídias no desenvolvimento de projetos vem favorecer uma nova visão educacional, onde a utilização das mesmas potencializa a construção de redes de conhecimentos, assim como o desenvolvimento de projetos oriundos de temas extraídos do cotidiano.
Podemos considerar a escola como um espaço privilegiado de interação social, onde é possível uma interação entre alunos, professores, famílias, gestores e comunidade, servindo como link entre os conhecimentos, gerando valores, tudo em prol do desenvolvimento do indivíduo como sociedade.
A elaboração de projetos feita em parceria entre alunos e professores deve ser vista como uma construção aberta, dinâmica, onde desenvolvem informações conhecidas, baseadas em experiências passadas e presentes, no qual futuramente através das respostas, das comparações e reflexões representarão dúvidas em certezas e certezas em dúvidas. Mas a idéia é essa, é instigar o aluno a pensar, a querer, a buscar respostas a seus questionamentos em várias tecnologias e em diversas áreas do conhecimento.
5 – Projeto e a intedisciplinaridade
A utilização de projetos na educação rompe com as fronteiras disciplinares, permitindo uma interação nas diferentes áreas de conhecimento, todas voltadas a investigar problemas e situações da realidade, tendo como foco a construção do conhecimento, tendo como prática de ação a interdiciplinaridade através da integração entre as disciplinas.
Essa forma diferente de ensinar, produzindo conhecimento de forma interdisciplinar não elimina as disciplinas como um corpo organizado de conhecimentos, mas uma integração dos conhecimentos de outras disciplinas seja no estudo de determinados fenômenos ou no desenvolvimento de um projeto. A tecnologia permite estabelecer uma ligação em redes que integram idéias, conceitos, e experiências de diferentes áreas e disciplinas, sem se importar com a distância ou o tempo, mas uma relação dos conhecimentos já existentes com os que virem a surgir no decorrer dessa construção.
6 – Projeto e currículo
O currículo que as escolas conhecem, trabalha tanto com o conhecimento organizado, sistematizado, pré-estruturado e já aceito pela sociedade, leva também em conta o conhecimento que os alunos trazem de seu cotidiano, porém não se limita apenas a esses conhecimentos.
Embora currículo e ensino tenham conceitos inter-relacionados, não são sinônimos, a criação do currículo depende diretamente da concepção de conhecimento, ensino e aprendizagem que a pessoa tem. O desenvolvimento do currículo no contexto de sala de aula vai além das grades curriculares e deve envolver toda a escola, a vida dos alunos, a família, a sociedade local e todos aqueles que direta ou indiretamente tem relação no processo educacional. O uso das TICs nesse processo permite uma integração mais dinâmica e eficaz neste desenvolvimento, além da possibilidade de se fazer um registro digital do que foi produzido pelos alunos, gerando dessa forma condições aos educadores de identificar dificuldades e avanços por parte dos mesmos, visualizando o trabalho pré-escrito e o que foi integrado.
7 – Textos básicos – (blog, wiki e mapas conceituais no desenvolvimento de projetos de aprendizagem com alunos do ensino fundamental)
Há 10 anos, o Colégio de aplicação da UFRGS, através do projeto Amora vem construindo um modelo de trabalho que visa o desenvolvimento da autonomia e criatividade dos alunos, com projetos de aprendizagem em que a criança desenvolve pesquisas a respeito de temas científicos, aliando seus objetivos ao uso de ferramentas de interação e intervenção suportadas por tecnologia. Neste projeto se utilizam de 4 ferramentas digitais: os blogs, os mapas conceituais (através do software Cmaptools) e o wiki.
· Nos blogs, cada criança posta um diário com o aprendizado do projeto no dia;
· Os mapas conceituais são utilizados como representação alternativa a um texto escrito;
· O wiki é usado para construção de páginas na internet no qual as crianças desenvolvem as conclusões a respeito de seus projetos.
Este projeto tem o objetivo de desenvolver um modelo de mudanças na Escola que corresponde às necessidades geradas pelas transformações sociais, acesso amplo às informações, trabalho colaborativo, autonomia e criatividade, visando à interdisciplinaridade e o trabalho colaborativo,contando com as múltiplas possibilidades que a tecnologia digital dispõe, buscando uma reestruturação no currículo escolar, integrando aluno e professor na busca do conhecimento, desafiados pelas TICs que o mundo globalizado vem oferecendo, privilegiando ainda mais a aprendizagem.